O Chifre Pequeno: sua ascensão e queda

            Uma vez que já compreendemos que a história da besta foi dividida em etapas, agora podemos avançar na história a fim de identificarmos quais seriam os acontecimentos relacionados à ascensão do chifre pequeno. Então, veremos quais seriam os três chifres que caíram antes da aparição do chifre pequeno, e como se cumpriu cada uma das descrições relatadas por Daniel, tais como a boca que fala com insolência (Dan. 7:8) e como houve a mudança de tempos e a lei (Dan. 7:25).

1. A formação da cristandade e os três chifres que caíram

No início da ‘fase dos pés’ – ano de 632 (cf. artigo o Reino do Ferro) –, em que situação estava o ‘povo do ferro’? Nessa época havia o império Bizantino, na porção oriental do antigo império Romano, enquanto o ocidente estava subjugado pelos povos bárbaros. O ‘povo do ferro’ teve que se reinventar e, assim como o ‘povo do barro’, criaram um vínculo religioso para se manterem um ‘único ferro’: eles formaram a cristandade católica. Por esse espectro, bizantinos e povos bárbaros podem ser considerados um único povo. Nessa seção, estudaremos a formação da cristandade e como foi essencial que exatamente três chifres, ou três nações, realmente caíssem para que o ‘povo do ferro’ pudesse se reunir sob o espectro do cristianismo católico, dando azo à ascensão do chifre pequeno do primeiro ciclo de visão da besta.

A formação da cristandade passou por percalços. Talvez o maior deles tenha sido a ameaça ariana, que era uma forma de cristianismo considerada herética no Concílio de Niceia (325). No século IV, o missionário Ulfilas levou o cristianismo ariano para os povos germânicos orientais e, quando ele e seu grupo invadiram o império Romano, trouxeram consigo essa forma de cristianismo[1]. Os visigodos, godos e vândalos são exemplos de povos convertidos ao arianismo. Após terem ocupado o território romano do Ocidente, os conquistadores bárbaros ficaram satisfeitos por terem uma religião própria, que os distinguia do catolicismo dos seus súditos romanos[2].

Desde 406 EC, o império Romano do Ocidente foi progressivamente devastado e subjugado pelos povos de fala teutônica e iraniana que, seguindo na direção oeste, procuravam escapar dos hunos. A própria Roma foi saqueada pelos visigodos, em 410, e pelos vândalos, em 455. O império Romano do Ocidente estava impotente, e, em 476, Odoacro, rei gótico, depôs o imperador Rômulo Augusto em Ravena, capital do império no século V[3]. Os arianos agora controlavam Roma. No mesmo ano, o governo de Constantinopla reconheceu o fato consumado da extinção da porção ocidental do império e apoiou a invasão da Itália por Teodorico, rei ostrogodo, e o aniquilamento de Odoacro. Teodorico foi posto como vice-governador do governo de Constantinopla em Ravena e ali se instalou.  Foi uma farsa que atendia ambas as partes[4].

Enquanto isso, nas terras da Gália, em 486, Clóvis, o merovíngio, um senhor de guerra local franco, havia iniciado a construção de um império franco na Gália e, em algum momento de sua carreira, ele se tornou católico. A razão de ter adotado o catolicismo estava relacionada aos seus súditos romanos e, talvez, ao fato de seus rivais, os construtores de impérios germanos, serem arianos. E assim os francos se tornaram a potência católica rival dos povos germânicos[5].

A ascensão de Clóvis marcou o início do declínio dos arianos e ajudou a cristandade católica a seguir o curso de seu florescimento, ao menos inicialmente, na Gália. Ele derrotou os alamanos em 496 e depois, em 507, triunfou também sobre os visigodos em Vouglé, expulsando-os dos Pirineus. Por essa vitória, ele foi condecorado no ano seguinte pelo imperador bizantino Anastácio I[6].

Já na Itália, a relação entre católicos e arianos estava administrável. O rei Teodorico era um governante sábio e indulgente para com os súditos católicos e cultivou boas relações com os sucessivos papas. Por outro lado, a relação entre Roma e Constantinopla era tensa e havia duas facções: o senado e as famílias romanas abastadas aspiravam por uma reconciliação com Bizâncio visando à restauração do império na Itália; a outra era pró-gótica e buscava o afastamento das relações com Bizâncio em razão de Acácio, patriarca de Constantinopla, ter adotado a teologia pró-monofisista e ter angariado apoio do imperador Zeno. A postura do patriarca estava em desacordo com o credo estabelecido no Concílio da Calcedônia (451) e foi considerada herética.  Esse foi o início do cisma acaciano[7].

O impasse só foi resolvido com a ascensão de Justino ao trono, que defendeu o Concílio da Calcedônia e o primado de Roma, marcando uma reconciliação entre o império e o papado. Até 518, o império Romano Oriental priorizou a manutenção da Síria e Egito, ao invés de reconquistar a Itália. Posteriormente, durante o reinado de Justiniano, o general Belisário foi comissionado para liderar a campanha de ‘reconquista’ do ocidente. O plano se desenvolveu em estágios, e o primeiro foi o despacho de Belisário contra os vândalos na África no verão de 533. A expedição teve um sucesso extraordinário, derrotando o exército vândalo na Batalha de Ad Decimum e com a entrada em Cartago, onde Belisário tomou posse do trono do rei vândalo Gelimer, além de muitos espólios, como os tesouros do Segundo Templo, que os vândalos tinham saqueado de Roma em 455[8].

A facilidade do sucesso contra os vândalos inspirou iniciativas posteriores. Em 535 Belisário foi despachado novamente para o ocidente, dessa vez para a Itália. A primeira etapa foi a reconquista da Sicília. Em seguida, Nápoles caiu em suas mãos em 536 e ele entrou em Roma em nove de dezembro do mesmo ano, quando então preparou a cidade para se defender do cerco de Vitige, armado pelos godos, que fora iniciado no começo de 537 com duração até o ano seguinte. O cerco dos godos foi precário. Terminou em março de 538, pois seu exército tinha pouca provisão, além de terem ouvido rumores de que Ariminum tinha caído e de que o exército bizantino estava ameaçando Ravena, a capital na época[9]. O total dessa campanha bizantina contra os godos na Itália e Ilíria (noroeste dos Bálcãs) estendeu-se por vinte e seis anos (535-561)[10].

Por ora, já podemos perceber que três poderosas nações bárbaras seguidoras do arianismo, que ameaçavam o desenvolvimento da cristandade católica, foram afastadas: os visigodos, detidos por Clóvis, os vândalos e godos, derrotados pelos bizantinos. O último marco histórico foi a vitória de Belisário em 538, quando resistiu ao cerco dos godos em Roma. Se considerarmos os visigodos, vândalos e godos como os três chifres que caíram antes da ascensão do chifre pequeno, teríamos ainda que discutir mais três condicionantes para nos certificarmos de que a queda desses três povos realmente cumpriu a profecia: provar que esses três chifres estavam, de alguma forma, atrapalhando a ascensão do chifre pequeno; e apontar quem seria o chifre pequeno que, supostamente, se levantou a partir de 538 – logo após a queda dos três chifres; e, por fim, se o chifre pequeno, de fato, perseguiu os santos por exatos 1.260 anos. É o que estudaremos na seção 2.

2. O chifre pequeno do 1o ciclo: Igreja Católica – 538 a 1798

Nossa hipótese é de que o papado começou a lograr êxito, dentro dos termos da visão de Daniel, apenas a partir de 538. Ora, Daniel viu um ‘chifre pequeno’. O termo ‘chifre’ é sinal de autoridade política, e, como veremos na seção seguinte, a ascensão política do papado, no sentido de chefe de estado de fato, iniciou-se apenas em 538. No entanto, Daniel viu o chifre num tamanho pequeno com boca que falava arrogâncias e com olhos, o que nos sinaliza que a autoridade política do papa haveria de ser reduzida (chifre pequeno), embora, no campo do discurso, haveria muita falação de grandeza (boca que fala arrogâncias), dando a entender, de si mesmo, que era um poder enorme instituído por Deus (olhos de vidente), mas que, de fato, era um poder político de autonomia sofrível investido de um discurso de grandeza. É isso que nos conta a visão e veremos doravante o selo da história.

Num primeiro momento, percebemos que não condiz com a história concluirmos precipitadamente que houve um grande florescimento da autoridade do Vaticano a partir de 538. A constante interferência dos imperadores bizantinos no livre exercício do papado obstruiu por diversas vezes as atividades do Vaticano, afinal a acirrada divergência cristológica discutida no Concílio da Calcedônia ainda permanecia como um fator de discórdia entre Roma e Constantinopla. Além disso, as conquistas de Justiniano foram efêmeras e os lombardos, meio pagãos, meio arianos[11], invadiram a Itália em 568, constituindo uma ameaça ainda maior para o Vaticano. Por volta de 574, os lombardos dominavam metade da península e haviam interceptado as ligações entre Roma e Ravena, mantendo esse controle por dois séculos seguintes[12]. Somente no decorrer do século VII os lombardos abandonaram o arianismo[13].

Por que então devemos considerar 538 como início da contagem dos 1.260 anos de ação do chifre pequeno? A resposta está na possibilidade criada, a partir de 538, de os papas realmente exercerem, ainda que de forma limitada, o poder político sobre a cidade de Roma. Nunca nos esqueçamos de que o tamanho do chifre é pequeno, portanto, nunca foi um grande poder político, realmente esmagador. Durante o domínio gótico (antes de 538), mesmo considerando que Teodorico era mais benevolente para com os católicos, os godos, na verdade, dissiparam a hierarquia católica no norte da Itália, onde os pontífices não tinham a menor influência sobre os bispos arianos de Teodorico[14] e, muito menos, há registro de que o Papa exercesse a função de chefe de estado. Isso não significa, contudo, que a Igreja Romana não tivesse exercido qualquer influência. Durante o caos das invasões bárbaras, os políticos locais foram depostos ou mesmo fugiram, e as autoridades religiosas foram convocadas para assumir o posto vago. Quando a ordem foi restabelecida, houve também alguns letrados fora da comunidade religiosa que assumiram esses cargos. A Igreja Romana indicava juristas e clérigos, de quem os legisladores leigos dependiam. Isso conferiu à igreja um perfil legal, não apenas religioso. Além disso, o impacto das invasões bárbaras tornou ainda mais necessário para o bispo de Roma insistir sobre sua preeminência, ou, nas palavras de Runciman: “ele foi deixado como herdeiro do império Romano [Ocidental], sentado sobre suas ruínas desde então, não um fantasma, como Hobbes imaginou, mas uma força vigorante, o guardião não apenas da fé, mas da tradição da civilização romana”[15]

Por outro lado, durante o domínio de Justiniano em terras italianas, após 538, o governo de Constantinopla deixou ao papa a tarefa de defender e prover, o melhor que pudesse, esta parte que estava fora dos limites do território romano oriental. E, apesar de toda a pressão sofrida, o Ducatus Romanus sobreviveu à irrupção lombarda na Itália[16]. Então, o fato de o papado conseguir administrar a cidade de Roma, ainda que assediado pelos lombardos e, muitas vezes, pelos próprios bizantinos, mostra a força de resistência da Igreja Católica. 

O papado de Gregório, o grande (590-604), ilustra bem o papel político da Igreja Católica pós-538. Em seu tempo, Roma era um ducado militar, com um comandante imperial instalado no palácio do Capitólio e, nominalmente, na chefia. Na prática, porém, os recursos imperiais eram geralmente desviados e Gregório deu continuidade à política de seu predecessor, Pelágio II (579-590), de comprar dos lombardos tréguas temporárias com propinas oriundas dos próprios recursos da Igreja. Além disso, muitas vezes pagava o soldo das tropas imperiais e abastecia as guarnições romanas. O papa negociou tratados, resgatou refugiados e a eles deu amparo. Com os recursos da Igreja, Gregório conseguia também sustentar os pobres da cidade, assumindo a função tradicional do Estado de alimentar o povo. Além disso, ele se aproximou da corte lombarda por meio da princesa católica Teodolinda e conseguiu batizar o príncipe Adroaldo. Esse foi o primeiro passo que haveria de levar os lombardos a abandonar o arianismo[17]. Portanto, mesmo considerando que os lombardos fossem uma ameaça ainda maior que os godos, eles não foram capazes de impedir que o papa exercesse, ainda que rodeado de ameaças, a função de um estadista. Em resumo, a história nos confirma que realmente o papado se tornou um chifre pequeno a partir de 538.

Falta agora verificarmos o curso histórico dos 1.260 anos de domínio papal: o alargamento do seu poder político, os marcos de declínio e o seu colapso em 1798. Afinal, se o papado é realmente o chifre pequeno do primeiro ciclo de visões da besta, então seu período de atuação com essa característica de autoridade política limitada deve estar restrito ao tempo determinado de 1.260 anos (cf. artigo A Visão da Besta de Daniel 7)

A expansão da influência papal já se revela no próprio século VI, quando, sob o comando de Gregório (590-604), o evangelho católico atravessou as fronteiras do império e alcançou as ilhas britânicas alargando ainda mais a influência do papado[18]. No entanto, durante a fase inicial de maior poder do papado, a Igreja viveu a realidade do ‘cativeiro bizantino’, em que havia a subordinação do papado ao imperador, pois desde a fase da reconquista era obrigatório para o pontífice eleito solicitar ao imperador a confirmação de sua nomeação antes de ser consagrado[19].

Apesar da fama de conquistador, as guerras empreendidas por Justiniano para a ‘reconquista’ devastaram a Itália e esgotaram o erário de Anastácio I, arruinando as províncias no Levante, que tiveram de arcar com a imposição de tributos esmagadores[20]. Além disso, os bizantinos travavam sucessivas batalhas contra os persas, o que deixou o império exaurido no século VII. Quando as duas potências fizeram as pazes em 628 já era tarde demais, pois na península do Hijaz já haviam se levantado Muhamad e os muçulmanos, que, em 632, inaugurariam a expansão islâmica, esmagando os persas e minguando as fronteiras do império Bizantino[21].

A península itálica era tratada como uma fonte de arrecadação de impostos. A tributação imposta pelos bizantinos era muito mais pesada e eficiente que a dos godos. A partir da década de 540, a maioria das antigas famílias romanas emigrou para Constantinopla e, no ano do saque de Tortila (546), a população de Roma já estava reduzida a cerca de 30 mil[22]. O descaso do império para com a situação de Roma deixou o papado em apuros, pois foi obrigado a lidar diretamente com os lombardos. Em 729, os lombardos cercaram Roma, mas tal era a influência do Papa Gregório II (715-731) que confrontou diretamente o rei Luiptrando e o levou a sentir um remorso tal que ele deixou a armadura e a armas como oferenda no túmulo do apóstolo e levantou o sítio[23]. Em seguida, entre 732 e 733, o imperador confiscou todo o patrimônio papal no sul da Itália e na Sicília, sujeitando-as ao patriarcado de Constantinopla. Esse gesto foi, na prática, uma expulsão do império[24].

Os lombardos ainda retornaram em 739, mas, dessa vez, o papa não teve a mesma sorte: a basílica foi pilhada. A situação estava muito perigosa: cercado pelos lombardos e sem a posse de suas terras para conseguir prover adequadamente a cidade de Roma, o papa recorreu a Carlos Martel, o paladino cristão que tinha derrotado os árabes em 732 na Batalha de Poitiers. Em 751, seu filho Pepino foi eleito rei pela nobreza, ungido e coroado[25]. Foi um acordo que atendeu ambas as partes: Pepino teve o seu reinado legitimado ao passo que se comprometeu a derrotar os lombardos e devolver as terras da Igreja. Os lombardos foram finalmente derrotados entre 754 e 756, e posteriormente, dessa vez por Carlos Magno, em 773, quando então nunca mais foram uma ameaça[26]. A partir de 756, o papado passou a acreditar que sua segurança no futuro repousava na criação de um Estado territorial no qual o papa governasse em nome de São Pedro, sob a proteção da dinastia de Pepino[27]. A partir daí iniciou-se uma longa e tumultuada relação entre o domínio papal, a casa real germânica e a aristocracia romana local.

Por outro lado, a providência divina não deixou a Igreja Romana dominar a mentalidade dos povos para sempre. Ela tinha um tempo determinado de 1.260 anos. Alguns eventos históricos tais como a Reforma Protestante (XVI), a explosão do avivamento metodista (XVIII) e o primeiro grande despertamento nos Estados Unidos (XVIII) são exemplos vivos de um anseio pelo resgate da sã doutrina negligenciada por séculos de heresias e abusos da Igreja. Na década de 1780, todos os Estados católicos da Europa conseguiram reduzir o papa a uma figura decorativa, ao passo que os bispos locais, nomeados pelos reis, ditavam as regras e até mesmo vetavam a publicação de manifestações papais.[28] Ironicamente, o golpe decisivo no domínio papal foi dado pelo povo, que, por muitas vezes, esteve ao lado do Vaticano: os franceses. Em 1789 a França convulsionava, o espírito anticlerical prosperou e a Revolução voltou-se contra o cristianismo[29]. Diante disso, o papa Pio VI (1775-1799) convocou o imperador Francisco II para defender a Igreja e seu legado e o cardeal Maury conclamou os governos da Europa para atacar a França.

A aposta de Maury foi malograda e o papa foi considerado o arqui-inimigo da revolução. Em maio de 1796, Napoleão Bonaparte, que na época era um jovem general, invadiu a Lombardia, onde havia as terras mais prósperas da Igreja, e anunciou sua intenção de ‘libertar o povo romano de sua escravidão’. Para evitar a invasão de Roma, o papa Pio VI aceitou termos humilhantes que foram ainda ampliados na Paz de Tolentino (1797), quando então ele aceitou a perda de Avignon e das Legações e, para piorar, a indenização cobrada foi mais que duplicada.

A Paz de Tolentino foi vista como o começo do fim do poder temporal dos papas, porquanto as Legações que foram tomadas eram as únicas partes economicamente viáveis dos Estados papais. Um ano depois, em 1798, um partido de republicanos romanos decidiu plantar uma série de árvores da liberdade em Roma, o que desencadeou uma revolta na cidade, que já estava carregada de tensão. Na ocasião, o general francês Duphot foi morto e o então embaixador José Bonaparte teve que se retirar da cidade, ao passo que, em Paris, o embaixador papal foi preso e foi declarada a República Romana. As tropas francesas invadiram Roma em 15 de fevereiro de 1798: os cardeais foram encarcerados e o papa, exilado (mesmo em estado de doença terminal) para a Toscana. Quando da sua morte, o clero local se recusou a dar-lhe enterro cristão e o prefeito da cidade registrou o óbito do ‘cidadão Braschi, profissão: pontífice’[30]. Doravante, os papas deixaram a função estadista e, embora continuassem a ser uma influência na Europa, não eram mais a boca e os olhos da cristandade. Cumpriram-se, enfim, os 1.260 anos (538-1798) e o chifre pequeno caiu em desgraça.

Doravante, conseguiremos notar como o domínio papal de 1.260 anos realmente cumpriu todos os detalhes da visão de Daniel 7:8:

eis que entre eles subiu outro pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava com insolência. (Dn. 7:8)

Revisemos primeiramente as partes que já pontuamos. A queda dos três chifres localizados ‘diante’ do chifre pequeno, ou seja, em sua zona adjacente: o texto não afirma quem derrubou os três chifres, mas dá a entender que eles não caíram por ação direta do chifre pequeno, afinal ele não era robusto no primeiro ciclo de visão da besta, portanto, era incapaz de derrubar reinos poderosos (cf. artigo A Visão da Besta de Daniel 7). Na lição do Da’ath Sofrim a expressão ‘foram arrancados’ está, no original em aramaico, no singular, e isso nos indica que os três reinos em questão foram abatidos um de cada vez, justamente como aconteceu na queda dos visigodos, vândalos e godos, derrotados em momentos separados.

Outro detalhe já estudado está no fato de o chifre ser pequeno. Quanto maior for o chifre, mais poderoso é o rei e seu reino, como foi o caso de Alexandre, que foi descrito como o grande chifre entre os olhos do bode peludo (Dn. 8:5,21). No caso em tela, estamos diante de um reino pequeno e fraco. No entanto, apesar de sua pequenez, o chifre usa de dois dispositivos (olhos e boca) para permanecer de pé e conseguir seus objetivos. De fato, os papas usavam de uma poderosa retórica para garantir seu domínio e influência. O caso mais ilustrativo talvez fosse o papa Nicolau (858-867), que foi o terceiro e último pontífice a receber o título de ‘Grande’. Ele considerava que nenhum sínodo ou concílio tinha efeito a menos que aprovado por ele, nenhum bispo poderia ser deposto sem seu consentimento e que todas as suas decisões tinham validade legal. O império obrigava o imperador a proteger a Igreja, mas isso não conferia aos imperadores nenhum direito de jurisdição sobre ela. Em sua carreira, Nicolau teve confrontos com arcebispos, mas conseguiu sujeitá-los ao seu controle[31].

Por mais grandiosas que fossem as reivindicações do papa Nicolau, a realidade era que os pontífices não passavam de atormentados bispos-príncipes italianos a lutar encarniçadamente para preservar o território de São Pedro. A realidade do poder papal era de uma contraditória mescla de teoria exaltada e realidade esquálida. Na teoria, os papas eram senhores do mundo, exerciam uma supremacia espiritual única, ungiam o ‘sagrado imperador romano’. Na prática, estavam vergonhosamente subordinados ao poder da aristocracia romana local ou da casa real germânica. Entre 955 e 1057, houve 25 papas e treze deles foram indicados pela aristocracia local e doze pelos imperadores alemães. Até mesmo durante o papado de Gregório VII (1073-1085), que acreditava ser da competência do papa decidir quem se adequava ou não ao exercício do poder real e usava, como critério, o candidato de maior utilidade para a Igreja, conseguia apenas fazer com o que o rei fosse ungido e, após isso, tinha tão somente uma quase (não mais que isso) submissão. Portanto, mesmo representando o ponto culminante da aspiração papal ao domínio do mundo secular, o papado de Gregório VII não foi uma força controladora dos atos do soberano[32].  Enfim, a tumultuada relação entre o papado e as famílias dinásticas europeias, bem como as constantes interferências que o Vaticano sofria em decorrência dessa relação, nos mostra que o Papa foi, de fato, apenas um chifre pequeno, ou seja, a Igreja Romana nunca foi um reino poderoso e autônomo, apesar de ter persistido como uma influência poderosa e temida em virtude dos seus supostos poderes místicos (como os atos de excomunhão).

Agora vejamos a boca do chifre pequeno, que falava com insolência (Dn. 7:8), o que é irônico vindo de um chifre que não era grande o suficiente para demonstrar tamanha arrogância. No entanto, a história nos testemunha, como os casos citados dos papas Nicolau e Gregório VII, que, apesar de tanto sufoco para se manter de pé, os pontífices mantinham um discurso exaltado demais sobre suas próprias prerrogativas, em marcante contraste com a realidade sofrível que viviam sob constantes ameaças estrangeiras, interferências de famílias poderosas e dependência de apoio dos reinos católicos poderosos. A partir do século XIV, essa dependência estendeu-se tragicamente também aos reis da França, quando as forças francesas cercaram o Papa Bonifácio VIII por desavenças com o rei Filipe, o Belo. Esse episódio evidenciou mais uma vez a fanfarronice da doutrina medieval defendida pelos papas, que em nada correspondia à fria realidade[33]. E não foi exatamente isso o que Daniel viu? Um chifre pequeno, mas que se pôs a falar com insolência, arvorando-se pretensiosamente como um gigante?

As descrições do chifre pequeno também aparecem na explicação do anjo em Daniel 7:24-25. Nessa passagem, o anjo destaca que ele será diferente de todos por ser o único pequeno, com boca e olhos. O fato de ele ser descrito como ‘diferente’ reforça a ideia de que não estamos diante de um rei convencional. Ele terá uma enorme influência na formação das crenças de seu tempo e será o guia intelectual ou espiritual entre os pares – indicado pela sua boca e olhos. E esse papel de influenciador ideológico exercido pelo Vaticano tem abundante evidência histórica, conforme já pontuamos.

A explicação do anjo, contudo, vai além do uso normalmente atribuído à boca e olhos, como uma liderança ideológica do chifre pequeno. A partir do paralelismo entre Daniel 7:9 e Daniel 7:25, temos que o uso da boca está vinculado a ‘palavras contra o Altíssimo’ e ‘magoará os santos’ e, por conseguinte, os olhos têm a ver com ‘mudar os tempos e a lei’. Vejamos os dois versos numa tabela:

Relato de DanielExplicação do anjo
eis que entre eles subiu outro pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava com insolência (Dn. 7:8)e, depois deles, se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três reis. Proferirá palavras contra o Altíssimo, magoará os santos do Altíssimo e cuidará em mudar os tempos e a lei; e os santos lhe serão entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos e metade de um tempo. (Dn. 7:24-25)

Ao juntarmos as duas passagens (observe as cores coincidentes nas duas colunas da tabela), temos que a boca, ao invés de louvar a Deus e defender a sã doutrina, foi usada com dupla insolência: pecava contra o próprio Deus e magoava os santos. O termo traduzido como ‘magoar’ é usado somente num sentido mental de ‘gastar’, ‘consumir’, ‘importunar constantemente’[34]. A visão destaca que a mágoa infligida nos santos ocorreu no âmbito das crenças: os santos seriam atormentados e pressionados a crer em heresias. Nesse sentido, o controle mental exercido pelo papado sobre a cristandade, a insistência na defesa da infalibilidade papal e sua supremacia e a assimilação de influências pagãs na doutrina católica (cf. seção 3) são evidências de como o pequeno chifre usou sua boca contra Deus e para importunar os santos.

Houve o mesmo desvirtuamento do propósito original também no uso das vistas. Os olhos devem ser postos nos ensinamentos da lei de Deus a fim de que possamos segui-la com diligência (Prov. 4:21) e elevados aos céus tanto no sentido de buscar a Deus por socorro (Salm. 121:1:2) quanto de observar a passagem do tempo e os astros que Deus estabelece como sinais (Gên. 1:14). Nada disso foi seguido pelo chifre pequeno.

Ao contrário do esperado, ele cuidou em mudar os tempos e a lei. O tempo (transl. Zeman) é uma referência ao calendário hebraico, que segue o ciclo lunar, e aos tempos determinados prescritos na Torá que o povo de Deus devia guardar ou celebrar: sábado (shabbat), Festa da Lua Nova (Rosh Codesh), Páscoa (pessach), Pentecostes (shavuot), Festa de Tabernáculos (succos) e outros. Nesse sentido, houve algumas alterações ratificadas pelo papado que merecem destaque: o shabbat foi substituído pelo domingo no cânon 29 do Concílio de Laodiceia (363/364)[35], segundo o qual “os cristãos não devem judaizar descansando no sábado, mas devem trabalhar nesse dia, ao invés disso honrando o Dia do Senhor [Domingo]”; a contagem do tempo pelos ciclos da lua nova foi trocada pelo calendário solar, que a Igreja já seguia desde a época do império Romano e, em seguida, prosseguiu com o mesmo sistema quando da adoção do calendário gregoriano.

A contagem do tempo baseada no ciclo solar, ao invés do lunar, tal como seguido pelos judeus, fazem com que, ainda hoje, as festas bíblicas, especialmente a Páscoa, não coincidam com as datas determinadas nas Escrituras. Esse fator, somado com a troca do sábado pelo domingo, contribui para afastar ainda mais o cristianismo de suas raízes judaicas. Enfim, os olhos do chifre pequeno foram postos no sol ao invés de na lua. 

A Igreja Romana cuidou também de alterar uma parte dos dez mandamentos. Vejamos em uma tabela resumida adaptada do próprio Catecismo da Igreja Católica[36]:

Êxodo 20Fórmula Catequética
1o mandamento Não terás outros deuses diante de mim. (Ex. 20:3) 2o mandamento Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso (Ex. 20:4-5)Primeiro: Adorar a Deus e amá-Lo sobre todas as coisas.
3o mandamento Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão (Ex 20:7)Segundo: Não invocar o santo nome de Deus em vão.
4o mandamento Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. (Ex. 20:8)Terceiro: Santificar os domingos e festas de guarda.
5o mandamento Honra teu pai e tua mãe (Ex. 20:12)Quarto: Honrar pai e mãe (e os outros legítimos superiores).
6o mandamento Não matarás (Ex. 20:13)Quinto: Não matar (nem causar outro dano, no corpo ou na alma, a si mesmo ouao próximo).
7o mandamento Não adulterarás (Ex. 20:14)Sexto: Guardar castidade nas palavras e nas obras.
8o mandamento Não furtarás (Ex. 20:15)Sétimo: Não furtar (nem injustamente reter ou danificar os bens do próximo).
9o mandamento Não dirás falso testemunho contra o teu próximo (Ex. 20:16)Oitavo: Não levantar falsos testemunhos (nem de qualquer outro modo faltar à verdade ou difamar o próximo).
10o mandamento Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo.  (Ex. 20:17)Nono: Guardar castidade nos pensamentos e nos desejos.
Décimo: Não cobiçar as coisas alheias.

Pelo exposto na tabela, percebemos que o catecismo não levou em consideração a interpretação tradicional judaica do segundo mandamento. Ao invés disso, o catecismo segue a opinião decidida durante o Concílio de Niceia (787) e resume que “o culto cristão das imagens não é contrário ao primeiro mandamento, que proíbe os ídolos. Com efeito, ‘a honra prestada a uma imagem remonta ao modelo original’ e ‘quem venera uma imagem venera nela a pessoa representada’. A honra prestada às santas imagens é uma ‘veneração respeitosa’, e não uma adoração, que só a Deus se deve”[37]. Defender o culto às imagens sob a sofisticada alegação da diferença entre ‘honrar’, ‘venerar’ e ‘adorar’ são formas engenhosas de manter a assimilação pagã sem querer se desapegar da ortodoxia (cf. seção 3).

Outro fator-chave na alteração da lei foi a mudança do sábado para o domingo, sob a justificativa de que o Senhor teria ressuscitado nesse dia. Esse argumento, embora pareça convincente, na realidade, não encontra amparo em qualquer manuscrito dos apóstolos. A influência do domingo se deve, na realidade, à influência pagã. Os romanos adoravam o deus sol (Sol invictus) e o domingo é justamente dia do sol (dies Solis). Em seguida, com o advento do cristianismo, essa influência pagã foi assimilada pela Igreja, que passou a adotar o domingo, associando Jesus ao Sol invictus adorado pelas massas, e incorporou, inclusive, o dia do nascimento do Sol invictus (25 de dezembro) ao de Jesus. Essa ligação pagã se confirma também com a constituição de Constantino em 321, que introduziu a primeira legislação civil acerca do domingo, quando ele decretou que todo trabalho deveria cessar, exceto os lavradores, caso necessário[38]. E assim os olhos do chifre pequeno estavam postos, não na lei de Deus, mas numa lei própria influenciada pelo paganismo.

3. Cristandade Babilônica

O império Romano era muito grande e a questão da unidade era um fator importante para mantê-lo coeso. Nesse ínterim, a religião assumiu um papel relevante. A religião adotada pelo império era o paganismo até que, após os dez anos de perseguição intensa durante o governo de Diocleciano[39], a Igreja seguiu uma rota de ascensão ao se beneficiar da política de tolerância instituída por Constantino, que, ao menos supostamente, converteu-se ao cristianismo em 312[40]. A partir de então, o cristianismo, que antes era perseguido, tornou-se favorecido e paparicado pelo império[41]. Não nos interessa saber se a conversão de Constantino foi sincera ou não, mas é indiscutível que ele quis unidade e harmonia, e, consequentemente, buscou políticas em relação a todos os seus súditos – em especial, para a solução dos conflitos na Igreja. Esse gesto foi o germe daquilo que veio a ser chamado de cristandade: uma sociedade civil composta principalmente de cristãos, na qual o cristianismo era a força dominante, mas que se realizou somente depois de Constantino[42].

Se, de um lado, a Igreja finalmente respirou aliviada do perigo da espada, de outro teve que lidar com um perigo ainda maior: a assimilação com as divindades mediterrâneas. Jesus já se tornara Orfeu, Serápio e o “Sol Invicto”. Maria já se tornara Ísis, a “Mãe de Deus”. Mesmo convertido ao cristianismo, Constantino não renunciou à sua devoção ao “Sol Invicto”, embora tenha identificado o Sol com Cristo, e nem renunciou ao título de Pontifex Maximus, de alto sacerdócio não cristão, que ele exercia na qualidade de chefe político do estado romano[43].

Vejamos mais de perto o caso de Maria, a mãe de Jesus. A definição de Maria como Theotokos (mãe de Deus) foi atribuída no Concílio de Éfeso (431) e, posteriormente, ratificada no Concílio da Calcedônia (451). Por aquele tempo, as discussões mariológicas ocorriam em função do debate acerca da natureza de Jesus, quando então ficou acordado que Ele era tanto inteiramente divino quanto humano. Nesse sentido, negar que Maria seria mãe de Deus implicaria afirmar que ela deu à luz apenas um homem, negando, portanto, a natureza divina de Jesus. No entanto, diz-se que Jesus nasceu de mulher não no sentido de que sua natureza divina teve início em Maria, e sim porque, tendo unido a si a natureza humana segundo a hipóstase, nasceu de uma mulher[44]. Por outro lado, se os bispos debatiam a natureza de Jesus e declaravam que Maria era Theotokos, o povo não parecia entender da mesma maneira. O sofisticado debate teológico não refletia o que, de fato, acontecia na religião popular, arraigada ainda na cultura pagã. Em Éfeso, o povo venerava durante séculos a Grande Mãe (originalmente era a deusa virgem Ártemis). Portanto, existia na cidade uma religiosidade popular que batizou as práticas pagãs e tributou a Maria as honras que eram destinadas à Rainha do Céu. Segundo Temporelli:

Em Roma e em todo o império adorava-se a Grande Mãe, Mãe dos Deuses ou Venus Genitrix. O mesmo ocorria lá onde apareceu o culto a Maria: na Anatólia, desde a época paleolítica, restava-se culto à Mãe dos deuses, a deusa Kurotrofos e a seu divino filho, representado como um belo jovem; no Egito adorava-se a deusa Ísis alimentando seu filho Hórus (…) “os deuses vão, os cultos ficam”, constata Eric Dodds. A convivência dessa devoção com um imaginário religioso ancestral será uma ajuda pouco contestável para a penetração da fé cristã em povos ainda marcados pela religiosidade pagã.[45]

A definição de Maria como Theotokos significava reconhecer para ela um lugar destacado no panteão cristão. Contudo, isso não significa dizer que o culto a Maria estivesse associado aos rituais de fecundidade e de sexualidade, mas que certamente havia estreita relação entre o culto a Maria e a forte devoção pagã a suas deusas.

Assim, por meio do sincretismo com as culturas pagãs, o cristianismo ajudou a conferir unidade ao império. A influência cristã, contudo, não se limitou às fronteiras romanas e mesmo os godos, que dominaram Roma no século V, já haviam sido cristianizados, mas nos moldes arianos. Conforme já estudamos nas seções anteriores, no século VI houve a queda dos três chifres e no VIII, a ameaça dos lombardos deu azo a uma nova relação entre o papado e as famílias dinásticas europeias. Em resumo, temos, no século VIII, de um lado, a Europa, que era, predominantemente, uma cristandade católica, caracterizada, de um lado, por um sincretismo religioso ‘babilonizado’ cuja máxima autoridade religiosa era o papa e, de outro, os povos islâmicos sob a liderança do califado Omíada (661-750), iniciando o processo de amadurecimento da umma para se tornar barro de lodo e cerâmica. E, assim, o povo do ferro e do barro, ambos marcados por uma forte identidade religiosa, disputavam seu espaço no mundo. Era o início da fase dos pés.


[1] TOYNBEE, Arnold. A Humanidade e a Mãe-Terra: uma história narrativa do mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 1978, p. 428.

[2] TOYNBEE, Arnold. A Humanidade e a Mãe-Terra: uma história narrativa do mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 1978, p. 419.

[3] TOYNBEE, Arnold. A Humanidade e a Mãe-Terra: uma história narrativa do mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 1978, p. 404.

[4] TOYNBEE, Arnold. A Humanidade e a Mãe-Terra: uma história narrativa do mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 1978, p. 405.

[5] TOYNBEE, Arnold. A Humanidade e a Mãe-Terra: uma história narrativa do mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 1978, p. 419.

[6] TOYNBEE, Arnold. A Humanidade e a Mãe-Terra: uma história narrativa do mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 1978, p. 420.

[7] DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998, p. 38-42.

[8] CAMERON, Averil. Justin I and Justinian. In: CAMERON, A. B. Ward-Perkins; WARD-PERKINS, Bryan, WHITBY, Michael (Eds.). The Late Antiquity: Empire and Successors. Vol.14. UK: Cambridge University Press, 2000, p.73-74 (The Cambridge Ancient History).

[9] CAMERON, Averil. Justin I and Justinian. In: CAMERON, A. B. Ward-Perkins; WARD-PERKINS, Bryan, WHITBY, Michael (Eds.). The Late Antiquity: Empire and Successors. Vol.14. UK: Cambridge University Press, 2000, p.74 (The Cambridge Ancient History).

[10] TOYNBEE, Arnold. A Humanidade e a Mãe-Terra: uma história narrativa do mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 1978, p. 407-408.

[11] DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998, p. 46.

[12] DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998, p. 46.

[13] TOYNBEE, Arnold. A Humanidade e a Mãe-Terra: uma história narrativa do mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 1978, p. 420.        

[14] DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998, p. 37.

[15] “She was left as the heir of the Roman Empire, sitting crowned on the ruins thereof, not a ghost, as Hobbes imagined, but a living vigorous force, the guardian not only of the Faith but of the traditions of Roman civilization”. RUNCIMAN, Steven. The Great Church in Captivity: a study of the patriarchate of Constantinople from the eve of the Turkish conquest to the Greek war of independence. Great Britain: Cambridge University Press, 1985, p. 8

[16] TOYNBEE, Arnold. A Humanidade e a Mãe-Terra: uma história narrativa do mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 1978, p. 420.

[17] DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998, p. 48-50.

[18] DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998, p. 54.

[19] DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998, p. 57.

[20] TOYNBEE, Arnold. A Humanidade e a Mãe-Terra: uma história narrativa do mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 1978, p. 420.

[21] TOYNBEE, Arnold. A Humanidade e a Mãe-Terra: uma história narrativa do mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 1978, p. 413-414.

[22] DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998, p. 46.

[23] DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998, p. 62.

[24] DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998, p. 64.

[25] DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998, p. 68-69.

[26] DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998, p.71-73.

[27] DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998, p.72.

[28] DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998, p.195.

[29] DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998, p. 200-202.

[30] DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998, p. 202-203.

[31] DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998, p. 80-83.

[32] DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998, p. 94-99.

[33] DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998, p. 121-122.

[34] Referência Strong H1080. BÍBLIA ALMEIDA REVISTA E ATUALIZADA, COM NÚMEROS DE STRONG. Sociedade Bíblica do Brasil, 2003.

[35] Disponível em https://www.newadvent.org/fathers/3806.htm. Acesso em: 10 de dez. 2021.

[36] Disponível em: https://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p3s1cap3_1949-2051_po.html#OS_DEZ_MANDAMENTOS__. Acesso em 10 de dez. 2021.

[37] Catecismo da Igreja Católica, Terceira Parte, Segunda Seção, Capítulo Primeiro, IV, par. 2.132 Disponível em: https://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p3s2cap1_2083-2195_po.html

[38] Encyclopaedia Britannica. Artigo Sunday. Disponível em: https://www.britannica.com/topic/Sunday-day-of-week

[39] EUSÉBIO DE CESAREIA. História Eclesiástica. Livro VIII, II. Tradução de Wolfgang Fischer. São Paulo: Fonte Editorial, 2019.

[40] TOYNBEE, Arnold. A Humanidade e a Mãe-Terra: uma história narrativa do mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 1978, p. 391.

[41] SHELLEY, Bruce L. História do Cristianismo. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2019, p.116.

[42] FERGUSON, Everett. História da Igreja: dos dias de Cristo à pré-reforma. Vol.1.  Rio de Janeiro: Central Gospel, 2017, p. 210-211

[43] TOYNBEE, Arnold. A Humanidade e a Mãe-Terra: uma história narrativa do mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 1978, p. 390-391.

[44] TEMPORELLI, Clara. Maria, mulher de Deus e dos pobres: releitura dos dogmas marianos. São Paulo: Paulus, 2011, p. 38-41.

[45] MOINGT, J. El hombre que vênia de Dios. Bilbao: DDB, 1995, VOL. I, p.136, apud TEMPORELLI, Clara. Maria, mulher de Deus e dos pobres: releitura dos dogmas marianos. São Paulo: Paulus, 2011, p. 42-43.

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