Vamos recapitular algumas informações importantes. A besta descrita em Daniel 7 foi vista duas vezes e já aprendemos que sua história, na primeira parte, abrange a expansão do império Romano, a queda dos vândalos, visigodos e godos (os três chifres que caíram), e a ascensão política do papado que durou 1260 anos (de 538 a 1798). Agora, avançaremos para a segunda parte da visão, quando então houve um segundo ciclo de campanha devastadora da besta. Dessa vez, ela não apenas terrível, mas muito terrível e ganhou dentes de ferro e unhas de bronze. Na segunda aparição, a besta tinha sete poderosos chifres e devastou o mundo inteiro. Veremos nessa série quais foram os sete chifres que, na área do quarto reino, e, após a ascensão do chifre pequeno, causaram a avassaladora onda de destruição vista por Daniel.
1. Identificando os sete impérios
Estamos na segunda fase de atuação da besta. Dessa vez, Daniel a vê apenas com sete chifres e seu aspecto é ainda mais pavoroso: ‘muito terrível’ e ganhou ‘unhas de bronze’ (Dn. 7:19). Isso significa que, após a fase das canelas, em que o império Romano avançou com toda a sua força sobre muitos povos, ele voltaria, numa fase mais avançada, a fazer o mesmo, mas sob uma nova roupagem: numa combinação de metal, barro de lodo e barro de cerâmica. Isso implica que o segundo ataque da besta não seria dado exatamente pelos mesmos romanos da idade antiga, mas por povos que haveriam de sucedê-los e, pela contagem dos chifres, estamos nos referindo a exatamente sete potências que conseguiram realizar destruições similares às dos romanos, mas com uma brutalidade ainda maior.
Antes de listarmos os sete povos que são equivalentes aos sete chifres, devemos expor os dois critérios da escolha. O primeiro deles é o limite territorial. A visão da besta deixa implícito que a localização desses sete povos deve estar dentro dos limites do império Romano, pois os sete chifres despontam da própria besta, ou seja, na sua zona jurisdicional. O segundo critério é o da assimetria de poderes entre os povos conquistadores e os conquistados. Considerando que a besta reaparece com aparatos adicionais como as unhas de bronze e tem uma aparência ainda mais terrível, isso nos sinaliza que, nessa segunda marcha, os atos de ‘devorar’, ‘fazer em pedaços’ e ‘esmagar o que sobeja’ foram realizados com maior nível de horror e de discrepância tecnológica, de forma que esses sete povos não tiveram uma dificuldade extenuante para garantir sua supremacia durante a fase de conquista. Estamos, portanto, diante de um fenômeno novo: as vitórias desses sete povos se deveram mais aos seus aparatos bélicos de última geração do que à genialidade dos seus generais.
Uma vez estabelecidos esses dois critérios básicos, avancemos para a análise do mapa da extensão do império Romano:
Figura 1 – Império Romano

Fonte: Wikipedia[1]
Muitos foram os impérios que vieram após os romanos, no entanto, quando contabilizamos aqueles que nasceram dentro desse território (pintado de vermelho no mapa), podemos mencionar, ab initio, mais de sete: portugueses, espanhóis, franceses, alemães, britânicos, italianos, otomanos e árabes. Isso nos dá oito povos.
Sentiu a falta dos holandeses? O império Romano realmente alcançou um pedaço da atual Holanda, mas tão somente a sua parte meridional e, quando os holandeses iniciaram seu império foi por meio da Companhia das Índias Orientais ou Vereenigde Oost-Indische Compagnie (VOC), com sede em Amsterdã, fora da antiga área romana. Portanto, tratou-se de um empreendimento privado da VOC, que conseguiu combinar a capacidade de acúmulo de capital de uma empresa e o mecanismo de comércio armado e coercitivo.Após a sua falência em 1798, o império holandês se tornou formalmente um império.[2] Ora, como o domínio romano abrangeu apenas a região ao sul do rio Reno, não incluiu a cidade de Amsterdã, que foi fundada séculos depois das invasões bárbaras. Em outras palavras, o império holandês nasceu fora das margens do império Romano, razão pela qual o excluímos da categoria de ‘herdeiros’ dos romanos.
Há ainda outro povo que deve ser excluído: os árabes. Apesar de terem sido incluídos inicialmente na lista por atenderem ao critério geográfico, os árabes devem ser excluídos por não terem atendido ao requisito de avanço expansionista com assimetria de poderes. Não há evidência histórica de discrepância tecnológica utilizada pelos árabes diante dos seus adversários. Os persas e bizantinos estavam desgastados por sucessivas guerras, ao passo que os árabes estavam se fortalecendo cada vez mais, unidos sob uma nova bandeira, o islã. A fragilidade dos impérios adjacentes facilitou enormemente a expansão islâmica e, além disso, os árabes não causavam horror e devastação por onde passavam, ao contrário, eram mais benevolentes e tinham uma forma de governar mais tolerante que os povos da cristandade. Pelo exposto, se não houve o aspecto ‘muito terrível’ e assimetria de tecnologia militar, os árabes não devem ser considerados para a nossa lista dos sete chifres da segunda fase de atuação. Isso não implica, contudo, que eles não façam parte do quarto reino, afinal eles são o próprio barro de cerâmica da estátua, e, como vimos, o barro é uma figura de debilidade, reforçando ainda mais a tese de que devemos excluí-los da lista dos sete chifres. Por outro lado, o poder bélico esmagador caberia perfeitamente ao povo do ferro e aos otomanos, os quais, apesar de serem barro de lodo, foram hábeis o bastante para usar a força do ferro (veremos em artigo futuros que o ‘povo do barro de lodo’, os turcos, usaram a força do ferro para exercer o seu domínio descrita em Dan. 2:41b, por meio da formação da tropa de elite, os janízaros, que eram europeus de origem cristã, mas crescidos e convertidos ao islã, e pela composição de europeus na alta cúpula administrativa do sultanato).
Ao desconsiderarmos os árabes e holandeses, temos, por fim, exatamente sete povos: portugueses, espanhóis, franceses, alemães, britânicos, italianos e otomanos. Cada um desses povos tiveram sua ascensão e queda em períodos distintos, mas por haver algumas coincidências, isso nos permite dividir nosso estudo em três etapas: nesse artigo revisaremos as ações dos portugueses, espanhóis e otomanos, que largaram mais cedo na ‘segunda corrida da besta’, tiveram seu apogeu entre os séculos XV e XVI; em seguida, no artigo Os Sete Impérios Parte II trataremos dos britânicos e franceses, cujo apogeu teve lugar no século XX, mas começaram a esmagar povos desde o século XVII; por fim, no artigo Os Sete Impérios Parte III, veremos os alemães e italianos, que iniciaram a marcha feroz mais tardiamente, cometendo atrocidades principalmente no final do século XIX até meados do XX. A ênfase na abordagem de cada império é conseguirmos visualizar como cada um desses sete impérios devorou, despedaçou e esmagou o que sobejou de diversos povos (Dn. 7:19).
2. A besta terrificante
Antes de mergulharmos na história, façamos primeiramente um estudo das características do quarto animal. Dessa forma, seremos capazes de visualizar com facilidade o cumprimento de cada uma delas nesse artigo e nos seguintes desse estudo. Ele é descrito dessa forma:
“[quarto animal] terrível, espantoso e sobremodo forte, o qual tinha grandes dentes de ferro; ele devorava, e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele” (Dn. 7:7 – ARA) (grifos nossos).
Os termos ‘terrível’ e ‘espantoso’ apontam para o horror terrificante que seria o domínio do quarto reino. Estamos diante de uma visão que deixou o vidente assombrado (Dn. 7:15). Os seus dentes de ferro e enorme força confirmam a ligação dessa besta ao ‘povo do ferro’, que possuem essas mesmas características (Dn. 2:40), ou, mais especificamente, trata-se dos romanos, pois foram eles que representaram o ferro na fase das canelas (cf. artigo O Reino do Ferro).
Além disso, a besta era ‘sobremodo forte’. Naturalmente todos os outros animais eram presumivelmente fortes, pois, uma vez que cada um deles remete a um império diferente, está implícito o binômio povo conquistador/conquistado ou opressor/oprimido. Em tese, portanto, poderíamos aventar que é desnecessário descrever um império como forte – violando o princípio da máxima de relevância de Grice. Por outro lado, considerando que a expressão não se resumiu a um desperdício de tinta, isso significa que o quarto reino seria tão poderoso, que foi criada uma vala discrepante de poderes entre conquistadores e conquistados. Essa assimetria de poderes agravou-se muito mais no segundo ciclo de visão da besta (Dn. 7:19-20), quando então ela reaparece ‘muito terrível’: seu poderio militar seria tão colossal que não daria a mínima chance de vitória aos povos conquistados.
Os ‘grandes dentes de ferro’ foram usados para ‘devorar’. Isso já nos mostra o corolário da força excessiva e do horror da visão: todo o gigantesco poderio militar da besta seria empregado para ‘devorar’ os conquistados. Enquanto os três primeiros animais eram identificáveis (leão, urso e leopardo) e de ‘carne e osso’, o quarto animal foi descrito com elementos não encontrados entre os animais: dentes de ferro (Dn. 7:7) e, depois, com unhas de cobre (Dn. 7:19). Sabemos que não existe animal metalizado na natureza. É como se fosse possível agregar valor a uma fera incrementando-a com aparatos metálicos de forma a torná-la ainda mais poderosa. Sejamos ainda mais específicos: a parte metalizada, os dentes e as unhas (ou garras) são justamente os meios de ataque dos animais ferozes. Isso claramente nos aponta que o elemento metal (ferro e cobre) será fundamental para a composição do seu poderio bélico: o quarto reino vai dominar de tal forma a tecnologia com ferro e cobre que conseguirá devorar, fazer em pedaços e esmagar os povos conquistados. Além disso, os componentes metálicos, juntamente com os termos ‘devorar’, ‘fazer em pedaços’ e ‘esmagar’, nos sugerem, além da brutalidade, uma crueldade fria, não humana. Ora, todos os outros três primeiros reinos representados pelos outros animais também ‘devoraram’ povos. Qual a razão de mostrar o quarto animal devorando, se todos os três reinos anteriores, durante suas campanhas expansionistas, também fizeram o mesmo? Sem dúvida, estamos diante de uma ênfase: a besta terrificante se tornará destacada ante as demais, especialmente por ‘devorar’, ‘fazer em pedaços’ e ‘esmagar’ povos. O próprio texto nos sinaliza a dimensão da extensão territorial quando da sua segunda fase de atuação: ‘devorará toda terra’ (Dn. 7:23). Outro animal que se destacou por ‘devorar’ foi o urso (Dn. 7:5), mas em proporções menores.
Num contexto bélico, o verbo ‘devorar’ tem um sentido de ‘dizimação’ e ‘escravização’. Vamos a um exemplo rápido do seu uso no famoso caso do relatório dos espias acerca da terra prometida nos tempos de Moisés:
Relataram a Moisés e disseram: Fomos à terra a que nos enviaste; e, verdadeiramente, mana leite e mel; este é o fruto dela (…) E, diante dos filhos de Israel, infamaram a terra que haviam espiado, dizendo: A terra pelo meio da qual passamos a espiar é terra que devora os seus moradores; (…) Todos os filhos de Israel murmuraram contra Moisés e contra Arão; e toda a congregação lhes disse: Tomara tivéssemos morrido na terra do Egito ou mesmo neste deserto! E por que nos traz o SENHOR a esta terra, para cairmos à espada e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por presa? (Núm. 13:27,32 e 14:2-3)
Apesar de terem relatado que a terra, de fato, manava leite e mel, os espias acreditavam que Israel não teria êxito no ataque e, para convencer o povo disso, passaram a infamar a terra dizendo que ela ‘devora seus moradores’. Funcionou. O povo se desmotivou e passou a murmurar acreditando que ‘cairiam à espada’ (dizimação) e teriam suas mulheres e crianças como presa (como espólio de guerra, uma alusão à possibilidade de se tornarem escravos). Podemos acrescentar também a explicação de Malbim, que atribui ‘devorar’ à absorção de estados conquistados, assim como o alimento é mastigado e comido, tornando-se parte do corpo da besta[3]. Assim, o sentido de dizimar, escravizar e anexar território faz parte do efeito do sentido de ‘devorar’.
Agora veremos outra característica da besta terrificante: ‘fazer em pedaços’ (ARA) ou ‘triturar’ (Bíblia de Jerusalém). A expressão ‘fazer em pedaços’ vem do verbete ‘d@qaq’ (aramaico) e aparece em outros trechos (Dn. 2:35,40,44,45; 6:24). Em Daniel 2:40, remete ao mesmo quarto reino: “o quarto reino será forte como ferro; pois o ferro a tudo quebra e esmiúça; como o ferro quebra todas as coisas, assim ele fará em pedaços [d@qaq] e esmiuçará”. E em Daniel 2:45 refere-se ao governo do messias, que foi visto como uma pedra que, ao ser lançada contra os pés da estátua, “esmiuçou [d@qaq] o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro”. Ora, a menos que a pedra seja gigante e colossalmente poderosa, ela não deveria ser capaz de esmiuçar tantos metais com apenas um arremesso. Percebemos, portanto que ‘d@qaq’ caracteriza um poder esmagador ou indiscutivelmente superior – atributo do governo do anticristo e do messias. Isso nos indica que, qualitativamente, o domínio do governo do anticristo e o do messias caracteriza-se por uma supremacia inigualável. Além disso, o termo alude a uma política de dividir, tornar em pequenos pedaços, um povo que, outrora, era unido: isso é uma forma hábil de enfraquecer oposições. A reação de um povo dividido e ainda com uma liderança local destroçada tem raras chances de prevalecer. Em suma, d@qaq é uma subjugação completa de um povo que se encontra impotente por estar em pedaços.
Na visão da besta terrificante de Daniel 7 está descrito que ela iria ‘pisar aos pés o que sobejava’ (ARA) ou ‘calcar aos pés o que restava’ (Bíblia de Jerusalém). O ‘resto’ ou aqueles que ‘sobejavam’ é a parte que não foi ‘devorada’ (dizimada, incorporada ou escravizada) nem ‘feita em pedaços’ (subjugada e dividida). O que fazer então com esse ‘resto’? A solução final da besta foi simplesmente calcá-lo aos pés. Na lição de Malbim, ‘pisar o resto’ diz respeito às nações que não foram absorvidas pelo império (não foram devoradas) e, como resposta, foram brutalmente reduzidas à submissão pelo ‘bem’ do império[4]. Isso nos sinaliza apenas oposições débeis de um povo feito em pedaços, mas que foi contra-atacada por um poder brutal que os esmagou como se fossem apenas um inseto. Mais uma vez, vemos também essa característica de esmagar o ‘resto’ no governo messiânico. Durante o reinado de Jesus, o Apocalipse nos revela que haverá uma oposição débil que será esmagada com pouco esforço (Ap. 20:7-10).
Pelo exposto até aqui, percebemos que o governo messiânico também será caracterizado como um domínio supremo, garantido por uma força enorme, no entanto, diferentemente da besta, o seu escopo é promover o bem (Dn. 9:24). Por outro lado, ao descrever a besta terrificante, existe um tom de selvageria e crueldade que nos sugere atos brutais de injustiça: uma maldade ensandecida. O quarto reino seria, enfim, a versão de Edom, ou satânica, do tão esperado governo de justiça messiânico.
Vejamos agora um resumo esquemático da besta:
Terrível, espantoso e sobremodo forte | Discrepância de poder entre os povos conquistadores e conquistados, que foi ainda aumentada na segunda fase de atuação. |
Grandes dentes de ferro e unhas de bronze | Instrumentos de conquista poderosos, tecnologia à base de ferro (nas duas fases) e bronze (apenas na segunda fase). |
Devorava [os conquistados] | Incorporou territórios, dizimou e escravizou os conquistados. A extensão das conquistas na segunda fase foi toda a terra. |
Fazia [os conquistados] em pedaços | Dividia os povos e subjugava a autoridade local para enfraquecê-los, facilitando o domínio pleno sobre os povos conquistados. |
Pisava aos pés o que sobejava | Eliminação fácil de qualquer movimento de resistência, reduzindo-os brutalmente à submissão. |
Uma vez que já extraímos do texto de Daniel 7 a ordem cronológica dos acontecimentos (cf. artigo A Visão da Besta de Daniel 7) e, agora, sabemos também como o quarto reino vai se comportar nas duas fases, estamos prontos para verificar o cumprimento histórico das visões. Quanto ao começo da ação da besta, vale reiterar que já apontamos para o império Romano, conexo à fase das canelas. A visão de quase todos os comentadores, dos sábios do Talmude e muitos midrashim é de que a besta é o império Romano com todas as suas metamorfoses[5], conformando a ideia de que o quarto reino tem se desenrolado em mais fases (‘pés’ e ‘artelhos’).
Nossa missão doravante será desvendar os acontecimentos subsequentes de cada uma das cinco etapas de ação da besta trabalhadas no final do artigo A Visão da Besta de Daniel 7. Dessa forma, perceberemos que a evolução cronológica da besta realmente coincide com o desenrolar dos acontecimentos históricos e não teremos mais dúvidas de como as visões têm se cumprido.
3. Otomanos
O império Otomano é o único da lista que não faz parte do ferro da estátua. Conforme veremos em um estudo separado, eles se valeram da força do ferro ao criarem os janízaros, um corpo de elite militar bem equipado, altamente treinado e assalariado. Eram soldados oriundos da cristandade e, posteriormente, convertidos ao islã. Os otomanos montaram o exército mais poderoso do mundo por, pelo menos, dois séculos, e os janízaros eram a guarda pessoal do sultão, tendo uma enorme influência na alta cúpula da política otomana[6].
A superioridade militar dos otomanos não se resumia apenas aos janízaros. Ainda mais alarmante era a novidade das máquinas que equipavam o exército do sultão. A decisão de Mehmet II de invadir Constantinopla em 1453 deveu-se em grande parte aos recentes triunfos de suas fundições de canhões: o exemplo mais emblemático da superioridade militar otomana. O canhão era uma arma conhecida há mais de cem anos, mas o seu uso não tinha produzido resultados positivos pelos alemães no cerco de Cividale (1321) nem pelos ingleses em Calais (1347). Por aquele tempo, os canhões não tinham condições de causar danos em sólidas construções de pedras, então seu uso se resumiu a dispersar tropas inimigas ou derrubar barricadas simples. O sultão Mehmet II, por sua vez, atento à importância dessa artilharia, deu ordem aos fundidores para experimentarem a produção de canhões maiores. Foi quando Urban, um engenheiro húngaro, ofereceu seu serviço ao sultão e, ao informar-lhe que poderia construir um canhão capaz de derrubar as muralhas de Constantinopla, foi-lhe oferecido um salário quatro vezes maior e apoio técnico. Em três meses o enorme canhão estava pronto e foi instalado na fortaleza de Rumeli Hisar, próximo à cidade de Constantinopla, e foi inaugurado com sucesso: conseguiu afundar um navio veneziano que tentou furar o bloqueio imposto pelos muçulmanos. Mehmet II quis, então, uma máquina ainda duas vezes maior que a primeira, e foi construída uma nova artilharia com comprimento de pouco mais de oito metros e espessura de bronze com cerca de vinte centímetros. Era o ‘monstro de Urban’. O canhão foi puxado por sessenta bois e duzentos homens marchavam a seu redor para manter a carreta firme[7].
Mesmo após a construção desse enorme maquinário, a conquista de Constantinopla exigiu muito esforço dos turcos, que tiveram de amargar alguns reveses e, para piorar, a muralha a ser vencida era tripla. Os bombardeios foram intensos e levaram seis semanas. Em menos de uma semana de atividade dos canhões, o muro externo que atravessava o vale do Lico foi completamente destruído[8]. Ao final, o jogo de forças desequilibrou a favor dos turcos. A disciplina dos janízaros e o maquinário bélico superior do sultão eram vantagens significativas naquele tempo e ajudaram os otomanos a se tornarem o povo mais poderoso do mundo.
Há documentos históricos que atestam o pavor que os europeus tinham dos turcos. A aproximação cada vez maior de Roma deixava o papa apavorado. Em uma carta endereçada a Mehmet II, que, apesar de ser famosa na época, nunca fora realmente enviada, o Papa Pio II convidou-o a se converter ao cristianismo, oferecendo-lhe o reconhecimento do seu poder como autoridade imperial legítima sobre os gregos e oriente e dizendo que se o sultão quisesse estender seu domínio para o ocidente, bastava ser batizado e converter-se ao cristianismo[9].
O império Otomano, em seu apogeu, foi limitado às portas de Viena, não tanto pelo poder dos Habsburgo, senão mesmo graças ao mau tempo e à diminuição dos suprimentos e munição[10]. Era o início dos tempos modernos, e a mobilidade das tropas não era ágil como nos tempos de Alexandre. O transporte do enorme exército e do pesado maquinário militar otomano era complicado. De Istambul até Belgrado foram dois meses de viagem (de 10 de maio a 15 de julho) e, para alcançar Viena, foram necessários outros dois meses (27 de setembro), quando então se iniciou o outono e sobreveio um mau tempo. Por séculos, foram o clima e a distância que salvaram a Europa de ser conquistada pelos turcos[11]. O império Otomano foi grande o bastante, até onde era factível se estender dadas as limitações de logística de seu tempo. E, ainda, mesmo próximo ao seu colapso, os otomanos se incumbiram de executar o primeiro genocídio do século XX: o massacre armênio, que ceifou cerca de 1,5 milhão de armênios, confirmando também a ideia de que estamos falando de uma besta que ‘pisava aos pés o que sobejava’ (Dn. 7:20).
A considerável fatia abocanhada pelo grande chifre otomano, a marcha inexorável dos janízaros, a superioridade do maquinário bélico, o terror propagado pela Europa ante a ameaça de sua aproximação e o horror do massacre armênio preenchem os requisitos da visão de Daniel 7. Contudo, os otomanos apenas marcaram o início da segunda fase da caminhada esmagadora da besta. Daí em diante, veremos que as nações europeias conseguiram realizar feitos ainda mais aterradores, seguindo uma diabólica espiral de maximização da maldade.
Figura 2 – Império Otomano

Fonte: Wikipedia[12]
4. Portugueses
Avancemos agora para os portugueses. Eles largaram cedo na corrida por colônias e formaram o primeiro império colonial da história, iniciado na conquista de Ceuta em 1415[13]. A sobrevivência do império dependia da resistência aos intrusos privados e impérios rivais, e de sua capacidade de manter os enclaves sob controle. Por não ter capital para financiar as muitas viagens comerciais, a Coroa portuguesa garantiu o monopólio real, sempre que possível, e tentou manter os comerciantes no sistema de ‘casa’ e seus enclaves. Os colonos se instalaram em grandes fazendas no vale do Zambeze, em Moçambique, e no Ceilão, e migraram para as zonas interiores de seus entrepostos na Índia[14]. Eles fundaram um império-enclave.
O Brasil foi uma exceção. A população nativa era menos densa que a do Sudeste Asiático e os portugueses lutaram para conquistar toda a terra, realizando grande extermínio da população local[15]. Se na Ásia os portugueses tinham que tomar cuidado com os imperadores mongóis, na América mostraram-se extremamente opressores. Na realidade, a América Portuguesa foi implantada a ferro e fogo – o mesmo se sucedeu com a América Espanhola –, e a ideia de que eles simplesmente descobriram o Brasil é apenas uma versão do colonizador. Durante a chegada da frota de Pedro Álvares Cabral, estima-se que viviam no Brasil cerca de três milhões de índios, população duas vezes maior que a de Portugal. O estrago foi tão grande que, no século XXI, restaram pouco mais de 200 mil indígenas. Os documentos históricos da época atestam que os colonizadores não demonstravam qualquer sentimento de culpa pelas barbáries cometidas, fiando-se num suposto direito quase natural[16]. Não é sem razão, portanto, que não há coração na besta, e os seus dentes metálicos parecem realmente blindá-la de qualquer humanidade ou possibilidade de arrependimento.
Os portugueses se referiam aos nativos brasileiros como ‘gentios’ – os pagãos, em contraposição aos cristãos – ou mesmo ‘negros’, termo que, na época, designava a gente da terra, com uma conotação de inferioridade, também usado para designar os mouros[17]. Em uma de suas cartas, José de Anchieta declarou: “parece-nos agora que estão as portas abertas nesta capitania para a conversão dos gentios (…) porque para este gênero de gente não há melhor pregação do que a espada e vara de ferro, no qual mais do que em nenhuma outra é necessário que se cumpra o – compelle eos intrare [‘compele-os a entrar’ Lc. 14:23][18]. Os jesuítas amadureciam a ideia de que a única saída para a colonização era o extermínio dos tupinambás e defendiam essa opinião nas correspondências com a corte de Lisboa, e atuaram diretamente na execução[19]. Diante de tribos que recusavam a catequização não bastava a vitória militar, pois eles sabiam que, em razão da cultura de vingança dos indígenas, os filhos de combatentes mortos seriam os vingadores de seus pais. Então os portugueses solucionaram esse impasse incendiando aldeias, dizimando mulheres, velhos e crianças[20] e, para isso, tinham o apoio dos religiosos.
Somente a partir de 1550 a corte portuguesa passou a ter maior interesse por explorar a América, e levaram duas décadas para conseguir efetivar seu domínio sobre os índios. Houve ainda um movimento de resistência dos nativos, que se uniram criando a Confederação dos Tamoios (tamoio significa ‘o mais velho’, no sentido de ‘o dono da terra’, por precedência) contra o inimigo comum. A Confederação durou até 1567, quando então os nativos foram derrotados durante a campanha militar liderada por Mem de Sá, o governador-geral. Os índios remanescentes ficaram dispersos e incapazes de oferecer resistência. O que aconteceu no Brasil é comparável à conquista do meio-oeste americano: o genocídio dos tamoios deixou poucos nativos no Espírito Santo e litoral de São Paulo[21]. Enfim, os índios do Brasil, especialmente os tupinambás, foram varridos por um inimigo igualmente feroz, militarmente mais preparado, que só viu, como saída para a ocupação do território, a sua erradicação completa[22].
Os índios não morreram apenas a ferro e fogo. Cerca de três quartos da sua população foi dizimada por doenças europeias (sarampo, varíola, gripe etc.) e outras oriundas da África (especialmente a febre amarela). Isso causou um vácuo de mão de obra e de poder na América Portuguesa e Espanhola[23], que foi solucionado pelo trabalho escravo oriundo da África, inaugurando um novo capítulo de horror.
A demanda por escravos africanos inicialmente atendia à demanda da plantation açucareira das Américas. A partir da década de 1690, o ouro de Minas Gerais gerou um novo boom e uma maior demanda por escravos[24]. O Brasil foi o maior território escravista do ocidente por quase três séculos e meio. Recebeu quase 5 milhões de escravos cativos, 40% dos 12,5 milhões embarcados para a América[25]. Segundo o cálculo de Joseph Miller, a mortalidade era altíssima: 40% a 45% dos negros escravizados morriam no trajeto entre as zonas de captura e o litoral; 10% a 15% pereciam durante o mês em que, em média, ficavam à espera do embarque nos portos africanos. Em Benguela, os traficantes se livravam dos corpos simplesmente jogando-os nas praias e nos rios. A travessia do Atlântico também era perigosa: cerca de 10% morriam no trajeto. O perigo prosseguia mesmo após a chegada: 5% morriam entre o processo de venda até o campo de trabalho e, por fim, 15% morriam nos três primeiros anos de trabalho. Em resumo, 23 a 24 milhões de africanos foram arrancados de suas comunidades para alimentar o tráfico negreiro e cerca de metade morreu antes mesmo de embarcar. Estima-se com razoável segurança que cerca de 12,5 milhões foram deportados, e pelo menos 1,8 milhão morreram durante a travessia (superior aos 10% de Miller), dando-nos uma média diária de 14 corpos lançados no mar por três séculos e meio[26]. E segundo inúmeras testemunhas da época, até mesmo os tubarões tinham alterado a rota migratória para acompanhar os navios negreiros na travessia do oceano[27]. Não apenas os números de mortos, mas o horror cruel do tráfico negreiro e o tratamento covarde dispensado aos índios mostram-nos a similaridade da marcha da besta e o avanço dos portugueses.
Figura 3 – Império Português

Povos que foram dominados ou estiveram sob a esfera de influência portuguesa entre 1415 e 1999
Fonte: Wikipedia[28]
5. Espanhóis
Não podemos falar dos portugueses e omitir os espanhóis. Desde o seu nascedouro, a formação do estado moderno espanhol já nos mostra a inclinação desse povo para esmagar aquilo que sobeja (Dn. 7:19). O casamento entre Fernando, herdeiro do trono de Aragão, rei da Sicília e Sardenha, reivindicante do trono de Nápoles, com Isabel, herdeira de Castela, levou à união de dois reinos, ainda que separados. Embora isso não tivesse unido as duas monarquias, o casal logrou êxito nas campanhas contra Granada, que estava sob domínio muçulmano. Os judeus tiveram que escolher entre se converter ao catolicismo ou ser expulsos, e a data limite foi o fatídico dia 9 de Av (data de jejum nacional pela destruição dos templos erigidos em Jerusalém), ou 2 de agosto de 1492 no calendário gregoriano[29], o que ocasionou a saída de cerca de 200 mil judeus. Posteriormente, a partir de 1502, foi a vez dos muçulmanos: ou se convertiam ao catolicismo ou teriam que deixar a Espanha. O resultado foi a evasão de 300 mil pessoas, o que prejudicou o crescimento econômico da região. Aqueles que se converteram sob ameaça tiveram que se submeter ainda ao escrutínio da Inquisição, que averiguava a ortodoxia e comportamento dos novos convertidos. A limpeza étnica começou, portanto, dentro da própria Espanha[30].
Em 1494 espanhóis e portugueses, com o aval do papa, firmaram o Tratado de Tordesilhas, dividiram suas áreas de influência ao longo de uma linha que cortava o globo terrestre. A parcela de Portugal incluía a Ásia, a África e o que se tornou o Brasil, onde se concentravam os seus empreendimentos, e os espanhóis ficaram com o Caribe e boa parte das regiões austrais e centrais da América[31]. No entanto, a Coroa espanhola só deu atenção às ilhas caribenhas a partir da década de 1520, quando a prata e o ouro dos impérios Inca e Asteca levaram as empreitadas transoceânicas a um novo e mais elevado patamar[32].
O expansionismo imperial espanhol dependia dos aventureiros que reuniam capital e forças militares para fincar a bandeira do rei em outras terras. Com algumas poucas centenas de homens, Hernán Cortés atacou os astecas em 1519 e Francisco Pizarro conquistou os incas entre 1531 e 1533. Essas conquistas são mais um exemplo da ação bestial de devorar povos. No entanto, não devemos minimizá-las a simples eventos de dizimação a ‘ferro e vírus’. A tecnologia militar dos espanhóis era mais avantajada, mas insuficiente para fazê-los vencer sozinhos. Segundo especialistas, eles precisavam de ajuda. A batalha contra os astecas foi um combate árduo no qual os espanhóis sofreram reveses, apesar de seus aliados indígenas e da hesitação do imperador asteca Montezuma. A conquista do império Inca – mais centralizado que o dos astecas – também foi facilitada pela formação de alianças com aqueles excluídos pelo poder inca[33]. A resposta de Pizarro, conquistador dos incas, para um clérigo que evocou a missão religiosa de propagar a fé dá-nos a intenção clara dos conquistadores espanhóis: “Eu não vim aqui por tais motivos. Vim para levar o ouro deles”[34].
Na década de 1550, as minas de prata passaram para o controle espanhol. Entre 1500 e 1800, cerca de 80% da prata foi minerada na América Espanhola[35]. Os primeiros colonizadores saquearam os recursos locais, e as doenças foram responsáveis pelo golpe seguinte contra a população das ilhas. O governo espanhol logo tentou regularizar os padrões de assentamento e orientá-los para a produção agrícola. Governadores tentaram fazer com que os chefes indígenas fornecessem mão de obra, mas, como as populações foram dizimadas, precisaram buscar força de trabalho nas ilhas vizinhas[36]. Podemos perceber que os espanhóis seguiram os mesmos passos dos portugueses. O mesmo processo de eliminação dos indígenas também ocorreu na América Espanhola, mas com a diferença de que na América Portuguesa não houve a fragmentação do território conquistado[37]. A sede insaciável por ouro e prata, o domínio mascarado por um discurso de supremacia branca apoiado pelo papado, a dizimação dos nativos da América e a escravidão dos africanos foram ingredientes usados por portugueses e espanhóis, os quais revelaram o horror da besta, entre os séculos XV-XVIII, de forma muito pior que os otomanos.
Figura 4 – Império Espanhol

Todas as áreas do mundo ocupadas pelo império Espanhol
Fonte: Wikipedia[38]
[1] Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Romano. Acesso em: 13 de dez. 2021.
[2] BURBANK, Jane; COOPER, Frederick. Impérios: uma nova visão da história universal. Edição do Kindle. São Paulo: Planeta, 2019, p. 288, 539.
[3] SCHERMAN, Rabbi Nosson; ZLOTOWITZ, Rabbi Meir (Ed.). Daniel: a new translation with a commentary anthologized from talmudic, midrashic and rabbinic sources. 2. ed. New York: Artscroll, 2019 (Artscroll Tanach Series), p. 200.
[4] SCHERMAN, Rabbi Nosson; ZLOTOWITZ, Rabbi Meir (Ed.). Daniel: a new translation with a commentary anthologized from talmudic, midrashic and rabbinic sources. 2. ed. New York: Artscroll, 2019 (Artscroll Tanach Series), p. 200.
[5] SCHERMAN, Rabbi Nosson; ZLOTOWITZ, Rabbi Meir (Ed.). Daniel: a new translation with a commentary anthologized from talmudic, midrashic and rabbinic sources. 2. ed. New York: Artscroll, 2019 (Artscroll Tanach Series), p.199.
[6] Clot, Andre. Suleiman the Magnificent (p. 14). Saqi. Edição do Kindle.
[7] RUNCIMAN, Steven. A queda de Constantinopla: 1453. Rio de Janeiro: IMAGO, 2002, p.73-74.
[8] RUNCIMAN, Steven. A queda de Constantinopla: 1453. Rio de Janeiro: IMAGO, 2002, p. 81-83, 89-90.
[9] FREELY, John. The Grand Turk. Edição do Kindle. London: Bloomsbury Publishing, 2009.
[10] CLOT, Andre. Suleiman the Magnificent. Edição do Kindle. London: Saqi, 2012, p. 66.
[11] CLOT, Andre. Suleiman the Magnificent. Edição do Kindle. London: Saqi, 2012, p. 68.
[12] Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Otomano. Acesso em: 13 de dez. 2021.
[13] GUARACY, Thales. A Conquista do Brasil: 1500-1600. São Paulo: Planeta, 2015, p. 248.
[14] BURBANK, Jane; COOPER, Frederick. Impérios: uma nova visão da história universal. Edição do Kindle. São Paulo: Planeta, 2019, p.284-285.
[15] BURBANK, Jane; COOPER, Frederick. Impérios: uma nova visão da história universal. Edição do Kindle. São Paulo: Planeta, 2019, p. 284.
[16] GUARACY, Thales. A Conquista do Brasil: 1500-1600. São Paulo: Planeta, 2015, p.19, 248.
[17] GUARACY, Thales. A Conquista do Brasil: 1500-1600. São Paulo: Planeta, 2015, p .20.
[18] GUARACY, Thales. A Conquista do Brasil: 1500-1600. São Paulo: Planeta, 2015, p.170.
[19] GUARACY, Thales. A Conquista do Brasil: 1500-1600. São Paulo: Planeta, 2015, p. 200.
[20] GUARACY, Thales. A Conquista do Brasil: 1500-1600. São Paulo: Planeta, 2015, p.127.
[21] GUARACY, Thales. A Conquista do Brasil: 1500-1600. São Paulo: Planeta, 2015, p. 22-23.
[22] GUARACY, Thales. A Conquista do Brasil: 1500-1600. São Paulo: Planeta, 2015, p. 24.
[23] FERGUSON, Niall. Império: como os britânicos fizeram o mundo moderno.São Paulo: Planeta, 2016, p. 81.
[24] BURBANK, Jane; COOPER, Frederick. Impérios: uma nova visão da história universal. Edição do Kindle. São Paulo: Planeta, 2019, p. 285.
[25] GOMES, Laurentino. Escravidão: do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares. Vol. I. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2019, p. 24.
[26] GOMES, Laurentino. Escravidão: do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares. Vol. I. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2019, p. 45-48.
[27] GOMES, Laurentino. Escravidão: do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares. Vol. I. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2019, p. 49.
[28] Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Portugu%C3%AAs. Acesso em: 13 de dez. 2021.
[29] MENOCAL, Maria Rosa. The Ornament of the World: How Muslims, Jews, and Christians Created a Culture of Tolerance in Medieval Spain. New York: Little, Brown and Company, 2009, p. 242.
[30] BURBANK, Jane; COOPER, Frederick. Impérios: uma nova visão da história universal. Edição do Kindle. São Paulo: Planeta, 2019, p. 220-222.
[31] BURBANK, Jane; COOPER, Frederick. Impérios: uma nova visão da história universal. Edição do Kindle. São Paulo: Planeta, 2019, p. 226.
[32] BURBANK, Jane; COOPER, Frederick. Impérios: uma nova visão da história universal. Edição do Kindle. São Paulo: Planeta, 2019, p. 226.
[33] BURBANK, Jane; COOPER, Frederick. Impérios: uma nova visão da história universal. Edição do Kindle. São Paulo: Planeta, 2019, p. 295.
[34] BURBANK, Jane; COOPER, Frederick. Impérios: uma nova visão da história universal. Edição do Kindle. São Paulo: Planeta, 2019, p. 296.
[35] BURBANK, Jane; COOPER, Frederick. Impérios: uma nova visão da história universal. Edição do Kindle. São Paulo: Planeta, 2019, p. 227.
[36] BURBANK, Jane; COOPER, Frederick. Impérios: uma nova visão da história universal. Edição do Kindle. São Paulo: Planeta, 2019, p. 284.
[37] GUARACY, Thales. A Conquista do Brasil: 1500-1600. São Paulo: Planeta, 2015, p. 25.
[38] Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Spanish_Empire. Acesso em: 13 de dez. 2021.